AgroVenenos e nós...

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O Brasil é hoje o miaor consumidor de agrotóxicos de mundo. Além dos danos aos solos e aos ecossistemas, esses produtos contaminam a água (há uma portaria do Ministério da Saúde que define os parâmetros de água potável e prevê quantidades de 22 tipos de agrotóxicos em águas consideradas potáveis) e estão presentes em nossos pratos a cada refeição que fazemos.
   Já se sabe que a contaminação direta com esses venenos, além de danos aos sistema nervoso e ao respiratório, podem aumentar a incidência de cânceres, em especial a leucemia. Já os efeitos para a saúde da exposição aos resíduos de agrotóxicos como os que são encontrados nos alimentos ainda não são claros a longo prazo, mas sabe-se que o número de casos de cânceres diversos tem aumentado, inclusive os de leucêmia e outros associados à exposição direta aos agrovenenos, e não se pode descartar a influência que a presença deles na nossa alimentação pode ter sobre a saúde.
   Segundo o Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (PARA) da Anvisa, é possível encontrar resíduos de agrotóxicos em quantidades acima do permitido ou de produtos não permitidos em produtos de uso cotidiano nas cozinhas de nossas casas, sendo os resultados mais alarmantes os do pimentão ( 64,36% das amostras apresentaram resultados insatisfatórios) e do morango ( 36,5%) . Além desses foram encontradas irregularidades no arroz, no feijão,  na banana, na uva, na cenoura, na laranja, no abacaxi, no repolho, no tomate e no alface.
    A pergunta que nos ocorre então é: Por que tanto veneno?
    Em 2008, o Brasil consumiu 673,862 toneladas de agrovenenos, o que daria uns 4 quilos de veneno para cada brasileiro. Esse consumo gerou US$ 7,125 bilhões para a indústria química. Daí dá pra se deduzir porque existe tanta pressão por parte das poucas (pouquíssimas) empresas que cotrolam o mercado desses produtos para que o consumo de agrotóxicos continue crescendo. Na verdade, o uso de agrotóxicos faz parte de um "pacote" que essas empresas (que controlam também boa parte do mercado de sementes) impõe à agricultura no Brasil, incluindo o modelo de monocultivo e o plantio de transgênicos, bem como a manutenção dos latifúndios.
   Opondo-se a esse modelo, defendido por transnacionais como a Syngenta,a  Bayer, a Monsanto e a Dow, há as iniciativas agroecológicas, que defendem a qualidade da alimentação, da produção saudável e também a manutenção da biodiversidade. Os sistemas agroflorestais não se utilizam nem mesmo de adubos químicos, como fazem os plantios orgânicos, e o número de pragas é reduzido pela própria biodiversidade do sistema que é baseado em princípios de ecologia , na pequena propriedade de terra e nos conhecimentos da agricultura camponesa. Este modelo é defendidos por diversas organizações e movimentos sociais, como a Via Campesina e as organizações que a compõe, bem como por organizações estudantis como a ABEEF (Associação Brasileira dos Estudantes de Engenharia Florestal), a FEAB (Federação Brasileira de Estudantes de Agronomia) e a ENEBio (Entidade Nacional de Estudantes de Biologia) entre outras.
  
Agronegócio = Agrotóxico = AgroVENENO

Abraços calorosos a todas e todos!

Roberto Jedi
ENEBio -Entidade Nacional de Estudantes de Biologia
UFSCar - São Carlos
  

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